AS GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS NAS ESPÉCIES DOMÉSTICAS

 

As glândulas sexuais acessórias são estruturas masculinas importantes para a reprodução e denominadas: ampolas do ducto deferente; glândulas vesiculares, já tendo sido chamadas de vesículas seminais; glândulas bulbouretrais, outrora conhecidas como glândulas de Cowper e a próstata.

 

ORIGEM EMBRIONÁRIA
As glândulas sexuais acessórias têm origem de estruturas próximas ao rim primitivo (mesonéfrica) que se desenvolvem sob efeito de hormônios masculinos testosterona ou di-hidrotestosterona (DHT). (Quadro 01).
Quadro 01 – Estrutura embrionária de origem e hormônio responsável pelo desenvolvimento das glândulas sexuais acessórias.
ESTRUTURA EMBRIONÁRIA
GLÂNDULA SEXUAL ACESSÓRIA
Hormônio Responsável
DUCTOS MESONÉFRICOS
Ducto deferente e Glândula vesicular
Testosterona
SEIO UROGENITAL
Próstata e bulbouretral
DHT

 

CONSIDERAÇÕES GERAIS
As glândulas acessórias dependem dos androgênios testiculares para a manutenção da sua atividade funcional, e por esse motivo, em machos castrados, ou fora do período sazonal de acasalamento, podem apresentar-se em dimensões muito reduzidas. Elas são as responsáveis pela formação do plasma seminal que representa a maior parte do volume ejaculado.
O plasma seminal formado pelas glândulas sexuais acessórias atua como transportador de espermatozoides, fornecedor de substâncias nutritivas e agem como um agente tampão capaz de minimizar o efeito do excesso de acidez do trato genital feminino, prejudicial para a vida do espermatozoides.
No momento da ejaculação, por estímulo do sistema nervoso simpático, as fibras de músculo liso nas glândulas acessórias contraem-se e promovem o seu esvaziamento na uretra pélvica. Ao mesmo tempo ocorre a contração do epidídimo onde se alojam os espermatozoides e estes são lançados na uretra pélvica. A mistura desses elementos forma o sêmen que é então expulso por influência do sistema nervoso autônomo, principalmente o parassimpático.
Existem variações no formato e tamanho das glândulas acessórias nas diferentes espécies, e em algumas delas, como é o caso das aves, podem mesmo estar ausentes. (Quadro 2).

 

 AMPOLAS
As ampolas são dilatações glandulares pares nas extremidades distais dos ductos deferentes. São bastante desenvolvidas no garanhão, no touro e no carneiro, pequenas no cão e ausentes no porco.
As glândulas da ampola desembocam no ducto deferente e contribuem para a formação do sêmen.

 

 PRÓSTATA
A próstata é uma glândula ímpar, que circunda, de modo quase completo a uretra pélvica. Possui uma estrutura tubuloalveolar e, pode ser disseminada, com ácinos dentro da lâmina própria ao redor da uretra, sem penetração do músculo voluntário adjacente, ou distinta, formando um corpo definido fora da uretra e envolvendo-a completamente.
Está presente de alguma forma em todos os mamíferos do sexo masculino. No cão e no cavalo é uma estrutura discreta em forma de noz (distinta). Em outros animais, é mais difusa (disseminada), cobrindo uma distância maior, ao longo da uretra pélvica, sob uma camada do músculo uretral. Os varrões e touros possuem uma combinação de formas disseminada e distinta, já os ovinos e caprinos possuem a próstata totalmente disseminada.
Os ductos desta glândula abrem-se em duas fileiras paralelas, uma a cada lado da uretra. Produz uma secreção alcalina que ajuda a propiciar o odor característico do sêmen.
A próstata canina, em animais mais idosos, como ocorre no homem, pode se tornar aumentada e prejudicar a micção, denominando-se hipertrofia prostática benigna. Tal dilatação resulta do aumento substancial do número de células, e associada à micção frequente, pode ser acarretada pela capacidade de resposta aumentada dentro do tecido prostático para a conversão da testosterona em diidrotestosterona (DHT) intracelular. Além disso, a próstata é predisposta à neoplasia nos animais domésticos.

 

 GLÂNDULAS VESICULARES
As glândulas vesiculares, são glândulas pares que desembocam, juntamente com o ducto deferente, através de vários ductos ejaculatórios no interior da uretra pélvica, imediatamente caudal ao colo da bexiga.
São glândulas alongadas e com projeções vilosas internas, sendo sacos piriformes côncavos no garanhão e lobuladas de tamanho considerável no touro, carneiro e varrão.
As glândulas vesiculares estão ausentes no cão.

 

 GLÂNDULAS BULBOURETRAIS
As glândulas bulbouretrais são glândulas tubuloalveolares pares, localizadas a cada lado da uretra pélvica, próximo ao bulbo do pênis imediatamente anterior ao músculo bulbocavernoso e craniais ao arco isquiático, sendo, ainda, caudais às outras glândulas acessórias.
Estão presentes em todos os animais domésticos, exceto no cão e, apresentam-se extremamente grandes e cilíndricas no varrão e, são vestigiais no gato.
Possui importante função na preparação da uretra para ejaculação. Suas secreções são forçadas a fluir através de um ducto curto para a uretra peniana por pressão do pênis ereto, o qual comprime as glândulas. Tais secreções removem resíduos da urina da uretra, elevando o pH antes da passagem do sêmen.
 Quadro 02: Espécies domésticas e suas respectivas glândulas sexuais acessórias.
ESPÉCIE
Próstata
Glândulas Vesiculares
Ampolas
Glândulas Bulbouretrais
Gato
Presente
×
×
×
Cão
Presente
×
Presente
Presente
Garanhão
Presente
Presente
Presente
Presente
Varrão
Presente
Presente
×
Presente
Touro
Presente
Presente
Presente
Presente
Galo
×
×
×
×

 

SISTEMA REPRODUTIVO DO GATO, CÃO, GARANHÃO, VARRÃO, TOURO E HOMEM

 

PLASMA SEMINAL
O plasma seminal corresponde à parte liquida do ejaculado e é formado por secreções do testículo, epidídimo e glândulas sexuais acessórias. A maior parte do seu volume origina-se destas glândulas e sua composição é basicamente de eletrólitos, frutose, ácido ascórbico, diversas enzimas, vitaminas, hormônios e fatores de crescimento.
Tem como função limpar a uretra, lubrificar o pênis e a vagina, nutrir os espermatozóides e neutralizar a acidez do trato reprodutivo feminino garantindo a sobrevida dos espermatozoides.
Em bovinos e ovinos, onde a ejaculação ocorre na vagina, a importância funcional do plasma seminal é aparentemente maior em relação a suínos e equinos onde a ejaculação é direta no útero.
A composição básica varia de acordo com a espécie e com a presença ou ausência das glândulas acessórias.
A frutose secretada primariamente pelas glândulas vesiculares é a principal fonte de energia para os espermatozóides no plasma seminal do touro, carneiro, bode e coelho. Como esta glândula está ausente no cão, é inexistente no plasma seminal canino. Sendo o álcool sorbitol, derivado da glicose, encontrado no sêmen de diversas espécies, podendo ser convertido em frutose.
Outra substância produzida pelas glândulas vesiculares é o inositol encontrado em grandes quantidades no varrão e em menores no touro, carneiro e garanhão. Esta substância é secretada pelas ampolas e pode servir como substrato energético, assim como o sorbitol, após sua conversão em frutose.
As glândulas vesiculares do varrão e, em menor quantidade, as ampolas do garanhão secretam uma substância cuja molécula contém enxofre, denominada ergotioneína, a qual provê aos espermatozóides proteção contra a toxicidade derivada de agentes oxidantes. As glândulas vesiculares ainda produzem o ácido ascórbico, que é uma forte substância redutora e, além desse, o ácido cítrico, aminoácidos, proteínas, potássio, lipídios e fosforilcolina, hidrolisada por ação enzimática em colina.
A próstata origina as prostaglandinas E1, E2, E3, F1α e F2α. As da série F ocasionam contrações no músculo liso, auxiliando a passagem dos espermatozóides pelo trato reprodutivo feminino. A próstata também concentra zinco, o qual propicia proteção às membranas do espermatozóides, além de ser componente de enzimas como a anidrase carbônica e desidrogenase láctica. Além do zinco, também são secretados pela próstata a frutose, o colesterol, ácido cítrico, proteínas e até aminoácidos livres. A espermina caracteriza uma base nitrogenada produzida pela próstata humana e é ausente no sêmen dos animais domésticos.
Há, ainda, as enzimas do plasma seminal de origem prostática, tais como: fosfatases acidas e alcalinas, enzimas proteolíticas, glicosidases e aspartato-aminotransferase.

 

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Literatura Consultada
Brackett, Benjamin G., Reprodução em Mamíferos do Sexo Masculino. In: REECE, WILLIAM O. Dukes Fisiologia dos Animais Domésticos, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p.638
K.M. Dyce, W.O. Sack, C.J.G. Wensing. Tratado de Anatomia Veterinária, Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p193
Frandson, R. D. : Anatomia e Fisiologia dos Animais Domésticos, 2ª edição, Editora Guanabara Koogan, p. 331, 1979
MORAES, I.A.: EMBRIOLOGIA DO SISTEMA GENITAL, disponível em: http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/embriologia.htm

 

 

 

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