OVIPOSIÇÃO

Fernando Rutz, Marcos Antonio Anciuti, Eduardo Gonçalves Xavier, Victor Fernando B. Roll, Patricia Rossi
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil

 

A arginina vasotocina é liberada pela hipófise posterior (neuro-hipófise) e está envolvida com a contração uterina e oviposição (Shimada e Saito, 1989).
O hormônio ovariano progesterona produz um aumento da afinidade entre a arginina vasotocina e o receptor no útero, aumentando a contração uterína e a expulsão do ovo (Takahashi et al., 1994). O aumento da ligação de receptores para progesterona antes da oviposição é causado por ação do estrogênio ou testosterona, ou ambos, porque a secreção destes hormônios aumenta várias horas antes da oviposição (Kawashima et al., 1989).

 

Ciclo Ovulatório
O ciclo ovulatório em galinhas é caracterizado por uma seqüência de ovos colocados. Esta sequência consiste em um número de dias em que ocorre a oviposição, seguido por um dia de pausa. Assim, uma vez os mecanismos de feedback entre ovário, hipófise e hipotálamo alcançarem a maturidade de desenvolvimento, a matriz é capaz de produzir ovos. Incluído neste processo está o desenvolvimento do oviduto e a disponibilização de cálcio para a formação da casca do ovo, sob ação do estrogênio. (Robinson et al., 1993).
O ciclo ovulatório é regulado por dois sistemas independentes e sem sincronia (Fraps, 1965). Um destes sistemas é a maturação do sistema esteroidogênico do folículo mais desenvolvido (F1) (Johnson, 1990). Os folículos pequenos (< 10 mm) são as principais fontes de estrogênio. Ao alcançar a puberdade, o estrogênio participa do mecanismo de feedback negativo que propicia a redução da produção de LH pela hipófise.
Uma via funcional está presente nos folículos maiores até 12 a 20 horas antes da ovulação.O folículo F1 perde a capacidade de converter progesterona em androstenediona e, conseqüentemente, a produção de progesterona pelos folículos aumenta devido a ação do LH. Na realidade, a progesterona estimula a síntese e secreção de LHRH pelo hipotálamo (Knight et al., 1985). A concentração do LH plasmático apresenta um pico 4 a 6 horas antes da ovulação (Johnson e van Tienhoven, 1980). Este pico de LH é essencial para que ocorra a ovulação (Johnson, 1990).
A ovulação ocorre aproximadamente 6 horas após o pico de LH e de 15-45 minutos após a oviposição. Ao avaliar a parede celular do folículo, pode ser observada uma região estruturalmente diferente, caracterizada por ser avascular, que é denominada de estigma. Esta região é inicialmente composta pelo epitélio, teca interna e externa e camada granulosa. A teca externa é composta principalmente por fibroblastos e matriz extracelular de colágeno. Antes da ovulação, a região do estigma aumenta em largura e torna-se transparente. O colágeno altera estruturalmente, tornando-se um tecido mais frágil. Estas alterações ficam restritas a região do estigma (Bahr e Jonhson, 1991).
A oviposição é o resultado de eventos sucessivos que ocorrem no oviduto, incluindo contração do útero e peristaltismo da vagina. A contração do útero é causada pela ação da arginina-vasotocina, após se ligar a um receptor do miométrio do útero (Takahashi et al., 1994). Durante este processo, atuam prostaglandinas.
A oviposição ocorre aproximadamente 24-26 horas após a ovulação e após o ovo ter sido formado no oviduto. As prostaglandinas e os hormônios da hipófise posterior são os mais importantes no processo da oviposição. Dentre as prostaglandinas se destacam a PGF2a e a PGE2. A PGF2a atua na contração do útero da galinha, enquanto que a PGE2 atua na abertura útero-vaginal (Bahr e Johnson, 1991; Etches, 1996). Assim como nos mamíferos, ocorre um mecanismo de sinergia entre a arginina-vasotocina e a prostaglandina na contração do útero e oviposição.

 

Referência Bibliográfica
RUTZ, F.; ANCIUTI, M.A.; XAVIER, E.G.; ROLL, V.F.B.; ROSSI, P.; Avaços na fisiologia e desempenho reprodutivo de aves domésticas. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.31, n.3, p. 307-317,2007. Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul.
SHIMADA, K.; SAITO, N.; Control of oviposition in poultry. Crit Ver Poult Biol, v.2, p.235-253, 1989.
TAKAHASHI, T.; KAWASHIMA, M.; KAMIYOSHI, M.; TANAKA, K.; Arginine vasotocin receptor binding in the hen uterus
(shell gland) before and after oviposition. Eur J Endocrinol, v.130, p.366-372, 1994.
KAWASHIMA, M.; KAMIYOSHI, M.;TANAKA, K. Presence of androgen receptors in the hen hypothalamus and
pituitary. Acta Endocrinol, v.120, p.217-224, 1989.
FRAPS, R.M.; Twenty-four hour periodicity in the mechanism of pituitary gonadrotropin release for follicular maturation and ovulation in the chicken. Endocrinology, v.77, p.5-18, 1965.
JOHNSON, A.L.; Steroidogenesis and actions of steroids in the hen ovary. CRC Crit Rev Poult Biol, 2p, p.319-346, 1990.
KNIGHT, P.C.; GLADWELL, R.T.; CUNNINGHAM, F.J.; Release of LHRH in vitro and anterior pituitary responsiveness to LHRH in vivo during sexual maturation in pullets (Gallus domesticus). J Reprod Fertil, v.74, p.145-151, 1985.
PROUDMAN, J.A.; Hormônios reprodutivos das aves. In: Curso de Fisiologia da Reprodução de Aves, 1993, Hotel
Mendes Plaza, Santos, SP. Campinas. Facta, 1993. p30-42

 

(O texto foi adaptado do artigo disponibilizado no endereço: http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/download/307.pdf)

 

Leitura complementar:
Fisiologia da reprodução das aves
Como o ovo se forma dentro da galinha?

 

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