FISIOLOGIA DAS PÁLPEBRAS

As pálpebras, superior e inferior, são projeções móveis e delgadas de pele que normalmente cobrem os olhos. Unem-se formando os ângulos medial e lateral, e ao espaço entre elas denomina-se rima palpebral.
Em corte sagital, as pálpebras são compostas de superfície epidérmica externa, músculo orbicular do olho, placa tarsiana, glândulas tarsais e conjuntiva palpebral, a qual reveste a pálpebra interiormente.
As margens palpebrais são demarcadas a partir da pele por uma borda mucocutânea. As glândulas tarsais produzem a camada lipídica da película lacrimal. A placa tarsiana é um folheto fibroso pouco definido que dá sustentação às pálpebras. Os caninos possuem cílios apenas na pálpebra superior, enquanto os felinos, não os possuem.
O músculo orbicular do bulbo circunda a fissura palpebral e está fixado medialmente à órbita pela fáscia e lateralmente pelo músculo afastador do ângulo. O músculo elevador da pálpebra superior é inervado pelo oculomotor (nervo craniano III), junto a este, existe um delgado músculo (m. de Müller) que mantém a pálpebra superior elevada sem esforço algum.
A conjuntiva é a membrana mucosa ocular que reveste as porções mais internas das pálpebras superior e inferior, ambos os lados da terceira pálpebra, e a parte anterior do bulbo, excetuando a córnea. A mucosa conjuntival, abundantemente vascularizada, permite movimentos suaves, isentos de fricção, entre o bulbo do olho, a terceira pálpebra e as pálpebras, constituindo uma barreira física e imunológica protetora.
A membrana nictitante ou terceira pálpebra, localizada no canto interno do olho dos animais domésticos, auxilia na proteção da córnea e a glândula aí situada produz a lágrima. Ela é maior e mais móvel nas aves do que nos mamíferos domésticos. O músculo liso composto que nos felinos traciona a membrana nictitante para o ângulo medial do olho é inervado por axônios simpáticos adrenérgicos pós-ganglionares com corpos celulares localizados no gânglio cervical anterior.
Cães, gatos, ratos, coelhos e camundongos nascem com as pálpebras fechadas. Os olhos abrem-se após uma ou duas semanas de vida, porém ambos nem sempre se abrem no mesmo dia. Equinos, ruminantes, suínos e cobaias nascem com os olhos já abertos. Aves nidífugas, como a galinha, já saem dos ovos com os olhos abertos, enquanto as nidícolas, como os papagaios, nascem com os olhos fechados.
A frequência do piscar de olhos varia nas diferentes espécies. Nos mamíferos domésticos, a pálpebra superior apresenta mobilidade extrema; nas aves domésticas, é a pálpebra inferior que consegue maior mobilidade. O piscar de olhos mantém uma película de lágrima sobre a superfície córnea, auxilia na remoção de sujeiras e na drenagem das lágrimas para o aparelho lacrimal.
O nervo maxilar é parte do nervo trigêmio, e seus ramos participam da inervação das pálpebras. O nervo facial fornece apenas uma quantidade limitada da inervação do olho, importante para mímica facial incluindo o movimento das pálpebras.
A via neurológica comum final para o fechamento da pálpebra de qualquer tipo é mediada pelo nervo facial (VII nervo craniano), o qual inerva o músculo orbicullaris oculi. Os nervos cranianos envolvidos com as vias aferentes que mediam os reflexos de piscar são primariamente, o nervo óptico (II nervo craniano) e o ramo oftálmico do nervo trigêmio (V nervo craniano). Em certos estímulos auditivos mediados pela divisão do nervo vestibulococlear (VIII nervo craniano) também pode ocorrer reflexo de fechamento.
reflexo de ameaça, um brusco piscar de olhos em resposta a um gesto de ameaça, não se manifesta em animais que apresentam lesões consideráveis no segmento contralateral do córtex cerebral. Essa reação deve ser diferenciada do chamado reflexo palpebral , ou seja, um piscar brusco em resposta a estímulos sobre receptores cutâneos da pálpebra ou conjuntiva. Parte da inervação sensorial da conjuntiva está localizada no nervo oculomotor (CN III) e constitui trajeto auxiliar do nervo trigêmeo (CN V). O reflexo corneal é um piscar brusco em resposta ao toque da córnea.
Considerações Clínicas
A inversão da borda da pálpebra (entrópio) pode ocorrer em certos cães, onde os pêlos da face externa da pálpebra poderão irritar a conjuntiva ou córnea. Cães da raça SharPei podem apresentar entrópio com menos de três semanas de idade e frequentemente necessitam de intervenção cirúrgica para evitar afecção corneal grave.
A eversão das pálpebras (ectrópio) também poderá ocorrer, resultando em exposição da conjuntiva.
A ressecção de tumores palpebrais pode provocar grandes defeitos e exigem procedimentos corretivos.
Leitura Recomendada:
Órgãos Especiais dos Sentidos
Exame neurológico de cães neonatos
Literatura consultada
KÖNIG, H. E., LIEBICH, H.G.  Anatomia dos animais domésticos – Texto e Atlas colorido . 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2011.
GELATT , K. N. Manual de Oftalmologia Veterinária . Barueri: Manole, 2003.
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